Pelo menos cinco ginásios da WNBA registraram, nas duas últimas semanas, o arremesso de dildos verdes neon em direção à quadra. Os episódios, considerados ofensivos por atletas, comissões técnicas e dirigentes, ocorreram em Los Angeles, Atlanta, Chicago, Phoenix e Nova York.
O incidente mais recente foi na terça-feira (6), na Crypto.com Arena, durante a partida entre Los Angeles Sparks e Indiana Fever. Um vibrador foi lançado na direção de Sophie Cunningham, ala-armadora do Fever. A jogadora já havia pedido publicamente o fim do comportamento, argumentando que ações desse tipo desrespeitam as atletas e comprometem a seriedade da competição.
Em nota, a liga informou que qualquer torcedor flagrado atirando objetos será banido dos jogos e poderá responder criminalmente. A administração da WNBA disse ainda estar trabalhando com as administrações das arenas para reforçar a segurança e coibir novas tentativas.
Ligação com criptomoeda
Investigações apontaram que os objetos sexuais fazem parte de uma estratégia de marketing não autorizada para promover a Green Dildo Coin, criptomoeda lançada em 28 de julho, um dia antes do primeiro registro de arremesso. Segundo porta-voz ouvido pelo jornal USA Today, a iniciativa pretende “chamar a atenção” para dificuldades de projetos menores no mercado de ativos digitais. A empresa nega motivação misógina e afirma ter orientado participantes a lançar os dildos apenas durante interrupções do jogo, evitando contato físico com atletas ou árbitros.
Cada brinquedo traz um QR Code que direciona ao site do token. A exposição resultou em volatilidade favorável à moeda: somente desde a última quarta-feira (6) a valorização acumulada atingiu 147%. Dados da plataforma descentralizada Uniswap indicam movimentação superior a US$ 1,2 milhão em 24 horas na conversão entre o ativo e Ethereum (na forma de WETH).
Prisão de torcedores
Até o momento, duas pessoas foram detidas por envolvimento direto nos arremessos. Delbert Carver, 23 anos, foi autuado por conduta desordeira, indecência pública e invasão de propriedade após lançar o objeto durante Atlanta Dream x Phoenix Mercury, em 1º de agosto. Já Kaden Lopez, 18 anos, foi preso em Phoenix sob acusação de conduta desordeira, agressão e exibição pública de material sexual explícito no confronto entre Mercury e Connecticut Sun.
Lopez afirmou ter comprado o dildo verde depois de ver vídeos nas redes sociais e negou vínculo com a Green Dildo Coin. A empresa também declarou que nenhum dos detidos integra seu quadro.

Imagem: maquinadoesporte.com.br
Reação de jogadoras e dirigentes
Atletas, treinadores e executivos classificam a prática como ofensiva principalmente por ocorrer em uma liga feminina que abriga diversas jogadoras assumidamente LGBTQIAP+. Elas consideram os arremessos uma tentativa de sexualizar o ambiente esportivo e minimizar o esforço profissional das equipes. Para a liga, a repetição dos casos revela componente misógino e exige resposta rápida, razão pela qual os protocolos de segurança estão sendo ajustados.
Pressão por medidas adicionais
Apesar do anúncio de banimento de torcedores e eventual responsabilização penal, especialistas em gestão esportiva apontam que a WNBA pode ter de reforçar inspeções na entrada de ginásios, revisar procedimentos de revista pessoal e ampliar campanhas educativas. A preocupação é evitar que o episódio se repita em outras praças ou em campeonatos adjacentes, sobretudo diante da exposição midiática gerada pela criptomoeda.
Paralelamente, a estratégia de “marketing de emboscada” passou a ser observada por autoridades ligadas ao mercado financeiro. Embora o lançamento de tokens meme não seja proibido, iniciativas que utilizam espaços esportivos para promoção sem autorização podem configurar violação de regras comerciais ou até incitação a comportamento indevido. Entidades reguladoras dos Estados Unidos avaliam, segundo relatos da imprensa, se a campanha deve ser investigada sob a ótica de práticas enganosas.
Próximos passos
A temporada regular da WNBA segue em andamento, com jogos agendados até setembro. A liga pretende manter comunicação constante com as franquias, reforçar a vigilância nos eventos e, se necessário, adotar novas sanções. Enquanto isso, o valor de mercado da Green Dildo Coin continua sujeito a oscilações motivadas pela atenção recebida, reforçando a discussão sobre os limites entre liberdade de marketing, segurança do espetáculo esportivo e respeito às atletas.