O Paris Saint-Germain iniciou a temporada com uma mudança significativa em sua meta. Na quarta-feira, em Udine, a equipe francesa empatou por 2 a 2 com o Tottenham e venceu a Supercopa Europeia nos pênaltis, mas o destaque esteve fora das traves: Gianluigi Donnarumma, herói do título da Liga dos Campeões há dois meses, foi barrado por decisão do técnico Luis Enrique. Em seu lugar, estreou o francês Lucas Chevalier, recém-contratado junto ao Lille.
A alteração surpreendeu o ambiente do futebol europeu porque Donnarumma, de 26 anos, é considerado um dos goleiros de maior prestígio no momento. Com apenas um ano de contrato restante, o italiano foi colocado à disposição para transferência. Luis Enrique justificou a escolha alegando necessidade de um perfil diferente para a posição, alinhado ao estilo de construção de jogo a partir da defesa.
No primeiro teste do novo titular, o PSG saiu atrás no placar. Micky van de Ven completou o rebote de uma grande defesa de Chevalier sobre finalização de João Palhinha e abriu a contagem para o Tottenham. Pouco depois, Cristian Romero ampliou de cabeça; o lance deixou a impressão de que o jovem francês poderia ter reagido com mais firmeza. A resposta parisiense veio ainda no segundo tempo, garantindo o 2 a 2 que levou a decisão às penalidades.
Na disputa de pênaltis, Chevalier defendeu a cobrança de Van de Ven e consolidou a virada francesa. O PSG converteu todas as suas batidas e assegurou o troféu, reforçando a confiança do treinador na mudança. O desempenho do estreante, somado à capacidade de participar ativamente da saída de bola, foi apontado internamente como fator decisivo para a estratégia adotada pela equipe.
Chevalier, de 23 anos, foi eleito o melhor goleiro da Ligue 1 na última temporada, período em que manteve 11 partidas sem sofrer gols pelo Lille, quinto colocado no campeonato. Antes disso, havia atuado na Ligue 2, pelo Valenciennes, e rapidamente chamou a atenção por seu domínio com os pés, visão de jogo e precisão nos passes. Tais características contribuem para que o PSG tente transformar o goleiro em peça adicional na construção ofensiva, algo comparável ao papel desempenhado por goleiros de times que privilegiam posse de bola.
Enquanto isso, Donnarumma vê seu futuro incerto. Contratado sem custos após o encerramento de seu vínculo com o Milan em 2021, o italiano foi essencial na campanha que culminou na goleada por 5 a 0 sobre a Internazionale na final da Liga dos Campeões. No entanto, críticas recorrentes ao seu jogo com os pés influenciaram a decisão de Luis Enrique. Clubes que adotam uma filosofia semelhante à do PSG, como o Manchester City, monitoram o mercado, mas até o momento não demonstraram avanço significativo pelo atleta, considerado pouco adaptado ao estilo de troca de passes curtos no campo defensivo.

Imagem: bbc.com
A mudança reflete uma tendência na posição: além de defender, goleiros precisam iniciar jogadas, quebrar linhas de marcação com passes e oferecer segurança nas bolas aéreas. Nessa perspectiva, Luis Enrique considera Chevalier mais apto a atender às exigências de evolução tática do PSG. A aposta, ainda que arriscada pela falta de experiência em confrontos internacionais decisivos, foi classificada internamente como investimento em ganho marginal de rendimento.
Para Chevalier, a noite em Udine representou a chance de provar que pode suportar pressão semelhante à que enfrentará na Ligue 1 e na próxima edição da Liga dos Campeões. O goleiro demonstrou bom controle emocional, comandou a reposição curta de bola e participou ativamente na circulação de passes entre zagueiros e volantes. Mesmo com o gol sofrido em cabeceio de Romero, mostrou reflexo e concentração ao defender o pênalti decisivo.
A Supercopa simboliza o primeiro título do PSG na temporada e estabelece novo ponto de partida na meta parisiense. Resta agora acompanhar se a “chamada brutal”, nas palavras do treinador, será mantida em competições nacionais e continentais, e como o mercado reagirá à disponibilidade de Donnarumma. Por ora, a decisão rendeu troféu, validar a filosofia de jogo de Luis Enrique e lançar Chevalier como titular do atual campeão europeu.