Assembleia geral confirma saída de Augusto Melo da presidência do Corinthians

Leonardo Monteiro

A assembleia geral realizada no último sábado no Parque São Jorge encerrou, por maioria expressiva, o mandato de Augusto Melo à frente do Corinthians. Em votação secreta, 1.413 associados optaram pelo afastamento definitivo do dirigente, enquanto 620 defenderam seu retorno. Três votos foram anulados, totalizando 2.037 participações. O resultado de 69,37% favoráveis ao impeachment superou com folga a exigência estatutária para a destituição.

Puderam votar apenas sócios com pelo menos cinco anos de vínculo. Segundo o clube, o quórum atendeu às regras internas, garantindo validade ao pleito que pôs fim a um período de pouco mais de cinco meses de afastamento provisório do ex-presidente.

Augusto Melo já estava fora do cargo desde 26 de maio, quando o Conselho Deliberativo (CD) aprovou sua suspensão preventiva. A medida foi tomada após a divulgação do inquérito policial que investigou o contrato de patrocínio com a casa de apostas VaideBet, rescindido em meio a suspeitas de irregularidades. A Polícia Civil apontou indícios de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto qualificado. O Ministério Público acatou a denúncia, transformando o dirigente em réu na Justiça de São Paulo.

Com a confirmação do impeachment, o vice-presidente Osmar Stabile permanece como presidente interino. Ele comandará o clube até a convocação de nova eleição pelo Conselho Deliberativo, ainda sem data definida. O mandato tampão irá até dezembro de 2026, quando terminaria a gestão originalmente encabeçada por Augusto Melo.

De acordo com o estatuto alvinegro, apenas conselheiros vitalícios ou eleitos ao CD em pelo menos duas ocasiões podem concorrer. Stabile se enquadra nesses critérios e tem a prerrogativa de registrar candidatura, caso deseje transformar a interinidade em gestão efetiva.

A destituição de um presidente não é fato inédito na história corinthiana. Em 1972, Miguel Martinez também perdeu o cargo por decisão dos sócios. Em 2016, um pedido semelhante chegou a ser protocolado contra Roberto de Andrade, mas não foi levado a voto pelo CD, encerrando-se sem avaliação em assembleia.

Desta vez, o processo avançou rapidamente. Depois da suspensão provisória, a comissão de ética do clube emitiu parecer recomendando o impeachment, apontando quebra de deveres fiduciários e prejuízo à imagem institucional. O documento foi submetido ao Conselho Deliberativo e, em seguida, ao corpo social, etapa conclusiva do rito previsto no estatuto.

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Imagem: meutimao.com.br

Além das repercussões jurídicas, a crise abalou as finanças do Corinthians. O rompimento do acordo com a VaideBet reduziu a projeção de receitas de patrocínio para a temporada, obrigando a diretoria interina a renegociar contratos e rever compromissos. O departamento financeiro passou a trabalhar com cenários mais conservadores, enquanto busca novos parceiros comerciais para recompor o orçamento.

No campo político, a destituição expôs fissuras entre grupos que compõem a vida associativa do Parque São Jorge. Parte dos conselheiros defendeu a permanência de Augusto Melo até a conclusão do processo judicial, argumentando que não haveria condenação transitada em julgado. O bloco majoritário, contudo, avaliou que a permanência do dirigente prejudicaria a reputação do clube e poderia agravar dificuldades econômicas já apontadas pelo balanço semestral.

Agora, o foco se volta à organização da eleição suplementar. O regimento interno estabelece prazo mínimo de 30 dias entre a convocação e a votação. Nesse intervalo, chapas deverão protocolar candidaturas, apresentar programas de gestão e registrar eventuais coligações. A campanha tende a envolver discussões sobre transparência, governança e diretrizes para redução de dívidas, temas que ganharam centralidade após o escândalo do patrocínio.

Paralelamente, torcedores acompanham a situação por meio de enquetes e debates em plataformas digitais. Mesmo sem valor deliberativo, essas iniciativas refletem o clima entre a base de apoio do clube, dividida entre a expectativa de renovação e a preocupação com possíveis impactos esportivos em meio à temporada.

Até a posse do novo presidente, Osmar Stabile manterá a condução dos assuntos administrativos, a representação do Corinthians em negociações externas e a supervisão das categorias de futebol profissional e de base. A prioridade declarada é assegurar estabilidade e preservar a governança até a definição do próximo mandatário.

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