A Federação Paulista de Futebol (FPF) introduziu, na terça-feira, 12, o uso de câmeras corporais em árbitras durante partidas oficiais. A estreia ocorreu no confronto entre Corinthians e Ferroviária, válido pela sexta rodada do Paulistão Feminino 2025, realizado em São Paulo. O equipamento foi acoplado ao uniforme da árbitra principal, Jéssica Aparecida Milani, que se tornou a primeira profissional a utilizar esse recurso em competições nacionais.
Com a novidade, os torcedores passaram a acompanhar determinados lances a partir do ponto de vista da arbitragem. A proposta, segundo a entidade, é ampliar a experiência de consumo dos jogos e oferecer imagens inéditas dos momentos decisivos, complementando as câmeras tradicionais instaladas no estádio.
A operação das novas imagens ficou sob responsabilidade da própria FPF. Toda a produção audiovisual do campeonato é centralizada pela federação, que envia o sinal completo às emissoras detentoras dos direitos de transmissão. O procedimento permite que qualquer canal autorizado possa exibir o conteúdo em primeira pessoa sem necessidade de adaptação técnica adicional.
A adoção das câmeras corporais foi viabilizada depois que a International Football Association Board (Ifab) aprovou o uso do dispositivo em competições oficiais. O órgão responsável pelas regras do futebol liberou a tecnologia após avaliá-la na Copa do Mundo de Clubes de 2025, organizada pela Fifa, onde os testes foram considerados bem-sucedidos.
De acordo com a federação paulista, o recurso deverá ser implementado em todas as competições geridas pela entidade ao longo da temporada. O planejamento inclui divisões femininas, masculinas e categorias de base, com ajustes de protocolo específicos para cada torneio. A expectativa é ampliar gradualmente o número de árbitros equipados até que o sistema esteja disponível em todo o quadro que atua nos campeonatos regionais.
Na prática, a câmera é posicionada na altura do peito da árbitra, conectada a um transmissor sem fio que envia as imagens em tempo real ao veículo de cobertura. O equipamento utiliza estabilização eletrônica para reduzir impactos causados pelos movimentos em campo e conta com proteção contra chuva e choque. O áudio local não é captado, obedecendo às determinações da Ifab, que restringe a veiculação de comunicação interna da equipe de arbitragem.
Imagem: maquinadoesporte.com.br
Para o público, a principal diferença é a possibilidade de analisar jogadas em ângulos inéditos, sobretudo em situações rápidas dentro da área, disputas de bola e posicionamento do apito. A federação sustenta que a filmagem próxima à ação proporciona maior clareza sobre decisões que normalmente provocam controvérsia, contribuindo para a transparência do trabalho dos juízes.
Outra motivação destacada pela entidade é o potencial de engajamento entre faixas etárias mais jovens. A transmissão em primeira pessoa aproxima o futebol de formatos já presentes em plataformas de jogos eletrônicos e conteúdos imersivos, considerados atrativos para consumidores acostumados à interatividade digital.
Durante a estreia, a equipe de produção alternou o sinal da câmera corporal com imagens geradas pelas lentes convencionais e pelas unidades móveis de alta definição. O corte para a perspectiva da árbitra foi utilizado em tempo real, principalmente após faltas assinaladas, cobranças de bola parada e checagens de possíveis infrações, respeitando a fluidez da transmissão principal.
Ao final da partida, a FPF classificou o primeiro teste como satisfatório e informou que continuará monitorando aspectos operacionais, como autonomia das baterias e qualidade do sinal em estádios com infraestrutura diferenciada. Os dados coletados nas próximas rodadas serão repassados à Ifab para futuras avaliações, mantendo o alinhamento internacional sobre a aplicação da tecnologia.
