Milão (ITA) – O lendário San Siro, casa de Milan desde 1926 e compartilhado com a Internazionale há 77 anos, deu mais um passo rumo ao fim. Depois de um debate que se estendeu por mais de 11 horas, a Câmara Municipal de Milão aprovou, por 24 votos a 20, a venda do estádio Giuseppe Meazza e de terrenos vizinhos aos dois clubes por 197 milhões de euros.
O que está decidido
Com a transferência de propriedade, Milan e Inter preveem iniciar as obras de um novo estádio em 2027, no estacionamento ao lado da estrutura atual, e inaugurá-lo em 2031. O projeto foi confiado aos escritórios Foster + Partners e Manica. A ideia é manter jogos no velho San Siro durante a construção e, depois da mudança, demolir a maior parte do monumento, preservando trechos para um complexo comercial com escritórios e hotel.
Pressão interna e externa
As duas diretorias afirmam que a modernização é vital para competir no cenário internacional. Em setembro de 2023, a Uefa retirou de Milão a final da Champions League de 2027 por falta de reformas no estádio, que também hoje não se enquadra nos requisitos para a Euro 2032, organizada por Itália e Turquia.
Batalha jurídica à vista
Mesmo com a aprovação da venda, um grupo de moradores já entrou com o primeiro recurso na Justiça. Um dos possíveis entraves envolve leis de proteção a patrimônios históricos: a segunda arquibancada do Meazza pode ser tombada ao completar 70 anos, contagem que começa no fim de 2025 — possibilidade que seria afastada se o estádio deixar de pertencer ao poder público.
Impacto financeiro
Inter e Milan faturaram, respectivamente, 81 milhões e 87 milhões de euros em receitas de jogos na temporada 2023-24, bem abaixo dos 248 milhões obtidos pelo Real Madrid no remodelado Santiago Bernabéu, segundo a Deloitte. Para Giuseppe Marotta, presidente da Inter, “sem novas fontes de renda, a cidade corre o risco de ficar à margem do futebol europeu e global”.
Resistência e nostalgia
Protestos de torcedores e de movimentos locais enfatizam o valor cultural do San Siro, famoso pelas rampas helicoidais e pelo anel triplamente íngreme. Ainda assim, boa parte das manifestações das torcidas organizadas concentra-se em temas como preço de ingressos e acesso a setores populares, mais do que na defesa incondicional do estádio.

Imagem: Internet
Próximos passos
Segundo Marotta, a conclusão da escritura está prevista para novembro. Se não houver impedimentos judiciais, o cronograma parte para a fase de planejamento detalhado em 2024, com demolição parcial do velho palco prevista após 2031.
No especial sobre a decisão da Uefa você confere os motivos técnicos que tiraram a final de 2027 de Milão. Já a seção Apostas Esportivas detalha como a movimentação pode influenciar cotações futuras dos gigantes italianos. Para entender a evolução de receitas de estádios na Europa, veja também nosso relatório completo.
San Siro pode estar perto do adeus, mas a história ainda está em jogo. Acompanhe todas as atualizações e mantenha-se informado.
Com informações de The Guardian