A discussão sobre um fair play financeiro no Brasil ganha força enquanto a Premier League convive com suas próprias normas para conter gastos exagerados. Implantadas em 2015/16, as Regras de Lucro e Sustentabilidade (PSR, na sigla em inglês) permitem uma perda acumulada de até 105 milhões de libras (R$ 771,4 milhões) em três temporadas — sendo que 90 milhões precisam ser cobertos pelos proprietários; sem esse aporte, o limite cai para 15 milhões.
O objetivo declarado é evitar colapsos financeiros como os que atingiram Leeds United e Portsmouth em décadas passadas. Quem ultrapassa o teto pode perder pontos, punição já aplicada a Everton e Nottingham Forest. Entretanto, clubes que tentam se aproximar do Big Six — Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham — afirmam que o modelo virou obstáculo ao crescimento.
Protesto conjunto no Villa Park
Na rodada de abertura da temporada 2025/26, torcedores de Aston Villa e Newcastle uniram vozes em Birmingham contra o PSR. Cânticos como “Premier League corrupta” e “Que se dane o PSR” ecoaram durante o empate sem gols, simbolizando a insatisfação de dois projetos que surgem como candidatos a furar o bloqueio dos gigantes.
Comprado pelo fundo saudita em 2021, o Newcastle investiu pesado em Bruno Guimarães, Alexander Isak e Anthony Gordon, mas precisou reduzir o ritmo posteriormente. Para encaixar as contas, foi forçado a vender as promessas Elliot Anderson e Yankuba Minteh antes de mais uma participação na Champions League.
O Aston Villa, por sua vez, atingiu o top-4 e disputou a Liga dos Campeões sob comando de Unai Emery, mas acabou negociando o meio-campista Jacob Ramsey, formado na base, por 40 milhões de libras (R$ 296,2 milhões) justamente para não estourar o limite. A Uefa ainda impôs multa de 9,5 milhões de libras (R$ 70,4 milhões) ao clube por exceder o déficit permitido de 60 milhões para equipes que disputam competições europeias.
Brechas que beneficiam os mais ricos
Enquanto Villa e Newcastle apertam o cinto, o Chelsea gastou cerca de 1 bilhão de euros em reforços nas últimas três janelas sem infringir o PSR. Entre as estratégias, o clube vendeu seu time feminino e dois hotéis a empresas controladas pelo mesmo grupo proprietário, gerando receitas aceitas pela liga. Além disso, distribuiu o custo de grandes contratações em contratos de até oito ou nove anos, reduzindo o impacto anual nas contas.
Economistas como Cesar Grafietti avaliam que essas brechas põem em xeque a credibilidade do sistema. O especialista aposta que o novo órgão regulador criado pelo governo britânico deve apertar a fiscalização, alinhando-se à Uefa, que costuma rejeitar manobras contábeis similares.
Testes para mudanças a partir de 2026
A Premier League estuda substituir o PSR por dois modelos: a Regra de Custo de Elenco (gasto limitado a 85% da receita) e a Ancoragem de Cima para Baixo (teto baseado em até cinco vezes a receita do clube de menor faturamento). A votação pode ocorrer antes da temporada 2026/27, mas há resistência principalmente sobre a ancoragem, vista por Aston Villa e Manchester City como barreira a novos investimentos.

Imagem: Internet
Enquanto o debate avança, a distância financeira segue evidente: só em salários, City (412,6 mi £), Liverpool (386,1 mi £), United (364,7 mi £), Chelsea (337,8 mi £) e Arsenal (327,8 mi £) já superam todo o faturamento anual do Newcastle (320,3 mi £).
Seja qual for o formato escolhido, clubes emergentes pressionam por regras que permitam competir sem colocar em risco a saúde financeira — e sem favorecer quem já nada em dinheiro.
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Com informações de Trivela