O Fenerbahçe levou a questão do conflito em Gaza para o gramado antes de enfrentar o Feyenoord, na Holanda, pela fase preliminar da Liga dos Campeões. Durante o aquecimento no estádio De Kuip, em Roterdã, todos os jogadores da equipe turca entraram em campo com camisas pretas que exibiam mensagens de repúdio às ações militares de Israel nos territórios palestinos. O ato ocorreu pouco antes do apito inicial do jogo de ida da terceira pré-eliminatória do torneio europeu.
As peças vestidas pelos atletas carregavam frases incisivas, entre elas “Acabem com os crimes contra a humanidade” e “Basta”. Com o gesto, o clube buscou chamar atenção para o sofrimento da população civil na Faixa de Gaza e exigir o término imediato das hostilidades. A manifestação se manteve visível durante toda a etapa de aquecimento e atraiu a atenção dos torcedores presentes, das emissoras de televisão e dos profissionais de imprensa que acompanhavam a partida.
O posicionamento do Fenerbahçe se apoia na avaliação da Organização das Nações Unidas, que classificou as recentes operações israelenses como massacre. Ao relacionar suas reivindicações a esse parecer, a agremiação turca reforçou a urgência de um cessar-fogo e a necessidade de responsabilização por violações de direitos humanos no conflito. O clube não detalhou se pretende adotar novas ações fora de campo, mas a exibição pública das mensagens foi considerada por dirigentes como um passo simbólico relevante para o debate internacional.
Além da intervenção em campo, a diretoria do Fenerbahçe publicou nota em suas redes sociais para ampliar o alcance do protesto. No comunicado, a instituição afirmou: “Parem os crimes contra a humanidade. Não nos calamos, não ignoramos. Onde quer que a humanidade seja ferida, nós nos posicionamos. Porque a humanidade perde quando permanece em silêncio”. O texto foi redigido em várias línguas, incluindo turco e inglês, na tentativa de alcançar públicos em diferentes regiões.
O protesto antecedeu um duelo decisivo para as ambições esportivas do clube na temporada 2023/2024. Em campo, no entanto, a equipe turca acabou derrotada por 2 a 1 pelo Feyenoord no primeiro confronto da série. O resultado obriga o Fenerbahçe a vencer o jogo de volta, marcado para a próxima terça-feira, 12 de setembro, em Istambul, por pelo menos um gol de diferença para levar a disputa à prorrogação ou por dois gols para avançar diretamente à fase seguinte da Liga dos Campeões.
Embora a derrota tenha colocado o time em situação delicada na competição continental, o foco no pós-jogo permaneceu dividido entre o desempenho esportivo e a repercussão da iniciativa política. Veículos de comunicação europeus e do Oriente Médio destacaram a escolha do clube turco de usar um palco de grande visibilidade para criticar a escalada de violência em Gaza e reiterar pedidos de proteção a civis. Comentários nas redes sociais mostraram opiniões divergentes, mas amplamente reconheceram a mensagem de direitos humanos transmitida pelos atletas.

Imagem: mktesportivo.com
O Fenerbahçe não é o primeiro clube a se manifestar sobre conflitos internacionais, mas a ação desta semana reacendeu o debate sobre o papel de entidades esportivas em temas geopolíticos. De acordo com fontes internas, a decisão de protestar foi tomada em consenso entre diretoria, comissão técnica e jogadores, que solicitaram autorização da UEFA para usar as camisas específicas durante o aquecimento. Não houve registro de sanções ou advertências por parte da confederação europeia de futebol.
O técnico da equipe turca não se pronunciou formalmente sobre o assunto na entrevista coletiva pós-jogo, concentrando-se nos aspectos táticos da derrota. Entretanto, integrantes do elenco reiteraram, em declarações rápidas na zona mista, que a iniciativa simboliza apenas um apelo humanitário e não uma manifestação partidária. Eles reafirmaram o desejo de que a comunidade internacional pressione pelo fim da violência e pela garantia de ajuda às vítimas.
A expectativa agora é de que o reencontro entre Fenerbahçe e Feyenoord, em Istambul, ocorra sob clima igualmente atento a possíveis novas manifestações. A segurança do estádio Şükrü Saracoğlu deve ser reforçada, e a UEFA acompanhará de perto qualquer ação planejada pelos clubes, dentro ou fora de campo, relacionada ao conflito no Oriente Médio.
Enquanto aguarda o jogo decisivo da próxima semana, o Fenerbahçe mantém em suas plataformas digitais a campanha pela suspensão das operações militares e pelo respeito aos direitos humanos na região. O clube afirma que continuará utilizando sua visibilidade internacional para defender o que considera princípios universais de justiça e proteção de civis.