Juventude pede que fair play financeiro comece a valer em 2025 e cita gestão rigorosa como modelo

Leonardo Monteiro

A discussão sobre a criação de um sistema de fair play financeiro no futebol brasileiro ganhou impulso após a primeira reunião do Grupo de Trabalho instalado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O encontro, realizado na sede da entidade, colocou em pauta a adoção de regras que limitem os gastos dos clubes de acordo com suas receitas, inspiradas nos modelos já vigentes na Europa, como o aplicado pela UEFA.

Nesse cenário, o Juventude se posicionou de forma favorável à adoção rápida do mecanismo e defendeu que as normas passem a valer já em 2025. O presidente do clube gaúcho, Fábio Pizzamiglio, afirmou que a agremiação pratica, há anos, uma política financeira baseada em despesas inferiores às receitas, pagamento rigoroso de salários e redução de dívidas históricas. Segundo ele, o respeito a esse controle é visto como obrigação de todo o setor, condição que reforça a necessidade de regras uniformes para a competição.

A CBF estuda a implementação do fair play de maneira gradual e avalia um conjunto de punições que inclui multas, perda de pontos e restrições em inscrições de atletas. A expectativa da entidade é apresentar um projeto-piloto ao público em 26 de novembro. A proposta pretende estabelecer parâmetros objetivos para as contas dos clubes, de modo a evitar endividamentos que distorçam a competitividade dos campeonatos.

Pizzamiglio considera que a adoção do controle financeiro em todo o país contribuirá para nivelar a disputa esportiva. Na visão do dirigente, há desequilíbrios atuais provocados por equipes que gastam além da própria capacidade e acumulam compromissos que muitas vezes não conseguem honrar. Ao reforçar a experiência do Juventude, ele mencionou que a instituição praticamente zerou dívidas acumuladas ao longo de décadas sem ultrapassar o limite de arrecadação anual.

Especialistas consultados pelo Grupo de Trabalho apontam que a medida pode ampliar a sustentabilidade do futebol nacional, mas também trará desafios para clubes com menor potencial de geração de receita. Essas entidades deverão equilibrar investimentos em elencos competitivos com a necessidade de manter contas saudáveis, o que exigirá planejamento de longo prazo e a busca por novas fontes de faturamento.

No entendimento da diretoria alviverde, a padronização das normas permitirá uma competição mais justa porque todos os participantes estarão submetidos aos mesmos critérios de gasto máximo em relação ao que arrecadam. O clube avalia que, para as equipes de menor porte, a igualdade de regras reduz a probabilidade de concorrentes mais ricos ampliarem vantagens por meio de despesas que não conseguem sustentar ao longo dos anos.

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Imagem: mktesportivo.com

A proposta em análise na CBF prevê um período de transição, hipótese que encontra apoio parcial no Juventude. Embora reconheça a necessidade de adaptação para clubes com estruturas financeiras diversas, a direção do time de Caxias do Sul considera fundamental que o cronograma seja definido ainda em 2023, estabelecendo a temporada de 2025 como marco inicial do regime. Para a cúpula alviverde, quanto mais cedo começar a vigorar a limitação de despesas, mais rápida será a correção de disparidades existentes nas competições nacionais.

O fair play financeiro discutido no Brasil segue conceitos já aplicados em ligas europeias, onde os clubes precisam apresentar demonstrações contábeis equilibradas para participar de torneios. Entre os pontos avaliados pelo Grupo de Trabalho estão a fixação de um percentual máximo para gastos em salários e contratações em relação à receita bruta e a exigência de comprovação de pagamentos em dia a funcionários e fornecedores.

A CBF ainda analisa mecanismos de fiscalização que permitam monitorar, em tempo real, a evolução das contas dos clubes. A ideia é adotar sistemas informatizados capazes de cruzar dados fiscais, contratos de atletas e recebimentos de direitos de transmissão. Caso as infrações sejam constatadas, as sanções poderão variar conforme a gravidade: advertência formal, multa financeira, impedimento de registrar novos jogadores, dedução de pontos em competições e, em última instância, rebaixamento.

Até a apresentação oficial do projeto-piloto, prevista para o fim de novembro, o Grupo de Trabalho seguirá ouvindo dirigentes dos clubes, representantes de federações estaduais, especialistas em gestão esportiva, auditores e economistas. A intenção é encontrar equilíbrio entre a necessidade de disciplina financeira e a realidade de receitas distintas dos participantes dos campeonatos nacionais. Enquanto o debate avança, o Juventude reforça sua posição de que a implementação acelerada do fair play contribuirá para um cenário competitivo mais igualitário e financeiramente responsável a partir de 2025.

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