A Liga Forte União (LFU) decidiu estender até 2029 os contratos de direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro firmados com a Record, na televisão aberta, e com a CazéTV, canal que opera no YouTube. Com a prorrogação, todos os acordos de mídia assinados pelo bloco passam a vigorar pelo mesmo período de cinco anos, duração já estabelecida nos contratos vigentes com a Prime Video, serviço de streaming da Amazon, e com o Grupo Globo.
A uniformização dos prazos consolida a estratégia da LFU de distribuir o torneio em múltiplas plataformas, evitando concentração de exibição e ampliando as alternativas de receita. Segundo projeção da própria liga, a soma destinada aos clubes integrantes deve alcançar R$ 2,2 bilhões em 2029, valor que representa o dobro da arrecadação prevista para 2024. O montante estimado para o último ano de contrato supera em cerca de R$ 500 milhões o que se calcula que os membros da Libra receberão exclusivamente da Globo no mesmo período.
Atualmente, a LFU reúne 11 equipes na Série A: Botafogo, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Fortaleza, Internacional, Juventude, Mirassol, Sport e Vasco. A Libra, por sua vez, conta com nove clubes na elite. A diferença numérica, aliada a modelos de negociação distintos, tem dificultado a formação de uma liga unificada do futebol brasileiro, objetivo discutido desde 2021. Enquanto a LFU aposta em parcerias múltiplas para televisão e streaming, a Libra optou por fechar todas as janelas de exibição com o Grupo Globo.
Dentro da nova configuração financeira, o Corinthians se projeta como a agremiação que mais receberá pelos direitos de transmissão no país. A expectativa da LFU é de que o clube paulista fature R$ 304 milhões em 2029, resultado da combinação dos acordos com Record, CazéTV, Amazon e Globo. Em 2024, o valor destinado ao Parque São Jorge foi de R$ 225 milhões, quantia inferior aos R$ 278 milhões contabilizados pelo Flamengo, líder naquele ano.
O cenário previsto para 2025 já antecipa uma inversão na liderança de arrecadação. Estimativas da LFU indicam que o Corinthians deve superar o Flamengo a partir desse ano, com R$ 250 milhões contra R$ 222 milhões. As cifras finais dependerão de métricas de desempenho esportivo e audiência, critérios que influenciam parte relevante da remuneração.
A distribuição interna da renda televisiva entre os clubes da LFU segue três parâmetros. O primeiro, responsável por 45% do bolo, divide valores de forma igualitária. Outros 30% correspondem ao desempenho nas competições, mensurado pela posição final na tabela. Os 25% restantes são atrelados à audiência, contemplando índices de visualização nas diferentes plataformas contratadas.

Imagem: mktesportivo.com
Além dos contratos de mídia, a LFU conta com o aporte de um consórcio de investidores liderado pela Life Capital Partners (LCP). O grupo adquiriu participação nos direitos comerciais dos clubes por um período de 50 anos, operação que reforça a liquidez imediata das equipes e cria um mecanismo de governança compartilhada. A injeção de capital foi usada como argumento para atrair novos parceiros de transmissão e garantir previsibilidade financeira em médio prazo.
Nos últimos meses, representantes da LFU e da Libra tentaram viabilizar um memorando de entendimento para aproximar os dois blocos, mas o documento não foi assinado por todos. Flamengo e Corinthians, por exemplo, optaram por não aderir ao texto, mantendo o impasse sobre a criação de uma liga única. Mesmo a negociação conjunta de direitos internacionais, inicialmente vista como ponte de convergência, não avançou plenamente: o Flamengo decidiu explorar seus jogos como mandante no exterior por meio de plataforma própria, sem participação direta dos demais clubes.
A prorrogação dos contratos com Record e CazéTV, agora equiparados aos compromissos vigentes com Amazon e Globo, posiciona a LFU em um modelo de negócios baseado na diversificação de vitrines e numa projeção de receita em curva ascendente. O grupo aposta que essa estratégia, aliada ao aporte financeiro externo, oferecerá estabilidade aos clubes até o fim da década, mesmo diante da indefinição sobre uma possível liga nacional unificada.