O Corinthians confirmou, na última semana, que um de seus fundadores, Joaquim Ambrósio, tinha ascendência negra e indígena. A descoberta, feita pelo departamento cultural do clube com apoio do historiador Fernando Wanner, levou o portal a conversar com o bisneto do ex-operário, o fotógrafo Rafael Ambrósio, nesta terça-feira (23).
Rafael, de 35 anos, descreveu o orgulho de ver o sobrenome da família ligado à origem popular do Timão. “Para meu bisavô ser aceito, ele precisava até passar pó de arroz na pele. Ainda assim, ajudou a criar um clube aberto aos trabalhadores”, lembrou.
Raízes de resistência
Filho de mãe indígena e pai quilombola, Joaquim nasceu em São Paulo em 1895 e trabalhava na São Paulo Railway quando participou da fundação do Corinthians, em 1910, apenas 22 anos depois da abolição da escravatura. A presença de um negro na liderança de um time, mesmo de várzea, rompeu padrões da época.
A pesquisa mostra que apenas Corinthians e Ponte Preta, na elite atual, contaram com negros entre os fundadores. “O clube nasceu para ser diferente dos times de classe média e alta”, destaca Rafael, que cresceu em Capão Redondo e se tornou torcedor ainda criança, durante a campanha corinthiana na Copa do Brasil de 1995.
Busca por identidade
A curiosidade sobre suas origens começou na adolescência, quando Rafael ouviu em uma fita cassete o nome de Joaquim Ambrósio entre os fundadores alvinegros. A confirmação veio anos depois, ao acessar a certidão de nascimento do avô e cruzar dados com Wanner.
Hoje morando em Portugal, o bisneto segue ligado ao futebol: chegou a treinar numa escolinha de bairro ao lado do zagueiro Gabriel Paulista. Para ele, conhecer a história do clube ajuda novos torcedores a entenderem o significado de “time do povo”.

Imagem: Internet
Quem foi Joaquim Ambrósio
Descendente direto do Quilombo do Rei Ambrósio, um dos maiores do Brasil colonial, Joaquim jogou pela equipe amadora Santos Dumont antes de integrar o grupo que criou o Corinthians. Além de redigir o estatuto e escolher o nome do clube, atuou em pelo menos 11 partidas alvinegras.
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Esta reportagem reforça como a história corinthiana se mistura à luta de negros e indígenas por espaço no futebol. Continue nos acompanhando para mais conteúdos sobre memória e diversidade no esporte.
Com informações de Meu Timão