A Prefeitura de Santos concedeu, na manhã de 8 de dezembro, a autorização definitiva para o início das obras que transformarão o Estádio Urbano Caldeira – a tradicional Vila Belmiro – em uma arena multiuso de padrão moderno. O projeto, conduzido pela construtora WTorre, prevê investimento estimado em R$ 700 milhões, área total de 71 mil metros quadrados e capacidade para pouco mais de 30 mil espectadores.
Segundo a apresentação feita durante a cerimônia, o cronograma de execução estipula 40 meses de trabalhos a partir da emissão das licenças operacionais, o que projeta a conclusão do empreendimento até 2029. A arena contará com acessibilidade integral, diversos setores de hospitalidade e recursos destinados a diferentes perfis de público, ampliando a experiência de quem frequenta partidas de futebol ou eventos de entretenimento.
Responsável pelos novos negócios da construtora, Luiz Otávio Alves explicou que o orçamento de R$ 700 milhões abrange a execução da obra completa, sistemas de tecnologia e itens de conforto, como climatização de ambientes internos, iluminação de última geração, áreas corporativas, camarotes, estacionamento integrado e espaços adaptados para pessoas com mobilidade reduzida.
O projeto marca mais uma iniciativa da WTorre no segmento esportivo. A empresa reformou o antigo Estádio Palestra Itália, atualmente Allianz Parque, na capital paulista, e mantém parceria com o São Paulo Futebol Clube para a modernização do Morumbis. Em Santos, a construtora ficará responsável pela engenharia, captação de recursos e gestão das etapas, cumprindo exigências de sustentabilidade e de impacto de vizinhança estabelecidas pelo município.
Durante o pronunciamento oficial, o presidente do Santos Futebol Clube, Marcelo Teixeira, destacou que a nova estrutura permitirá diversificar receitas. Ao receber a arena, o clube passará a dispor de um espaço apto a sediar shows, convenções e eventos culturais, além dos jogos do time profissional. O dirigente ressaltou que a ampliação da oferta de atividades pode beneficiar diretamente o comércio local e reforçar o turismo na Baixada Santista.
O aval concedido pela prefeitura encerra meses de incerteza sobre o futuro do estádio alvinegro. Nos últimos anos, circularam alternativas que contemplavam desde a reforma da atual Vila Belmiro até construções em municípios vizinhos. A opção oficializa a manutenção da casa santista no bairro Vila Belmiro, preservando o endereço histórico frequentado por gerações de torcedores.
Antes da definição, ganhou repercussão uma proposta liderada pelo pai do atacante Neymar. O plano, discutido no primeiro semestre, sugeria erguer um complexo multiuso para 45 mil pessoas em um terreno do Grupo Peralta, no Jardim Casqueiro, em Cubatão, próximo à divisa com Santos. A ideia envolvia buscar investidores privados e promover a comercialização de naming rights, mas não avançou a ponto de ser apresentada formalmente.
Imagem: mktesportivo.com
A cerimônia de autorização estava originalmente marcada para 1.º de dezembro, mas precisou ser adiada em virtude de um incêndio no bairro Rádio Clube, também em Santos. Com o imprevisto superado, representantes do poder público, da construtora e do clube reuniram-se no Salão Nobre da prefeitura para assinar os documentos que liberam a instalação do canteiro de obras.
O escopo divulgado inclui a demolição parcial da estrutura atual, preservando elementos considerados de valor simbólico, como o Memorial das Conquistas. A ampliação de arquibancadas será acompanhada de melhorias na circulação interna, implantação de telões de alta definição, cobertura integral, sistema de reaproveitamento de água da chuva e painéis solares para geração de energia.
Além das exigências técnicas, o contrato define contrapartidas comunitárias. Entre elas, estão a requalificação do entorno, criação de áreas verdes e oferta de programas sociais que utilizem as instalações esportivas nos dias sem eventos de grande porte. A prefeitura avaliou que tais medidas atendem às diretrizes do plano diretor e mitigam possíveis impactos no trânsito e na vizinhança.
Com a documentação aprovada, as próximas etapas incluem a liberação das licenças ambientais, a contratação de fornecedores e a preparação da logística para a obra. Os jogos do Santos no período de construção deverão ser redistribuídos entre o litoral e a capital, conforme calendário a ser acordado com a Federação Paulista de Futebol e a Confederação Brasileira de Futebol.
Ao final dos 40 meses previstos, o clube espera inaugurar a arena com uma programação que mescle amistosos, torneios de base e um festival de música. Até lá, a gestão santista pretende utilizar o projeto como vitrine para atrair patrocinadores e novos parceiros comerciais, consolidando a Nova Vila Belmiro como um dos principais equipamentos esportivos e culturais do país.
