Premier League acelera transformação digital com novos acordos tecnológicos e mudanças nas transmissões

Leonardo Monteiro
Futebol Market

A Premier League deu início a uma fase de expansão centrada em tecnologia para sustentar o crescimento alcançado nos primeiros 30 anos de existência, impulsionados majoritariamente por contratos de televisão. A liga inglesa firmou parcerias estratégicas com gigantes do setor, revisou seu modelo de distribuição de direitos e lançou uma plataforma digital própria, numa tentativa de preservar a liderança financeira e esportiva diante da concorrência global.

Desde a criação, em 1992, o campeonato se beneficiou do acordo pioneiro com a Sky Sports, que buscava conteúdo exclusivo para popularizar a TV por satélite no Reino Unido. A cada ciclo, a competição registrou valorização contínua, mesmo após a entrada e saída de operadoras como Setanta e ESPN. Hoje, TNT Sports mantém direitos ao lado da Sky, mas a tentativa de atrair um serviço de streaming internacional ilimitado esbarrou no recuo da Amazon, que deixará de exibir as 20 partidas adquiridas a preço reduzido após a temporada 2024/25.

No mercado doméstico, os direitos continuam vendidos de forma coletiva. Metade da receita é dividida igualmente entre os 20 clubes, enquanto a outra metade considera posição final na tabela e número de jogos transmitidos. A restrição de exibir partidas às 15h de sábado foi preservada, mas o pacote 2025/26–2028/29 elevou o total de confrontos ao vivo de 210 para no mínimo 268, gerando 6,7 bilhões de libras. A Sky exibirá pelo menos 215 partidas, inclusive qualquer jogo fora do horário de blackout, e lançará um programa diário de análise. A TNT Sports manterá 52 duelos nos sábados ao meio-dia e em rodadas intermediárias.

Fora do Reino Unido, todos os 380 jogos já estão disponíveis ao vivo em 188 países, atingindo mais de 800 milhões de lares. A receita internacional superou a doméstica, dividida igualmente entre as equipes. Clubes de maior apelo, contudo, pressionam por fatia maior, alegando que sua popularidade global impulsiona esses valores.

Após delegar iniciativas digitais a emissoras e agremiações, a liga passou a atuar diretamente nesse campo. Em 2021, contratou a Oracle para migrar o acervo de dados e vídeos para a nuvem, criando estatísticas alimentadas por inteligência artificial. O contrato terminou em 2023, mas abriu caminho para a maior parceria tecnológica da história do torneio: um acordo multifacetado com a Microsoft.

Pelo novo pacto, toda a infraestrutura da competição será hospedada no Azure. Ferramentas como Microsoft 365 e Dynamics 365 otimizarão processos internos, enquanto recursos de IA darão base ao aplicativo oficial lançado antes da temporada 2025/26. O app oferece o “Premier League Companion”, assistente alimentado pelo Copilot que personaliza conteúdos em diversos idiomas usando mais de 30 temporadas de dados, 300 mil artigos e 9 mil vídeos. A função também orienta escalações no Fantasy Premier League (FPL) por meio de sugestões automatizadas.

Outra parceria fechada em 2024 vincula a Adobe como parceira oficial de experiência digital. A integração do Adobe Express e do Firefly permite que torcedores criem imagens e vídeos com uniformes, escudos e jogadores preferidos, fomentando o engajamento em canais próprios da liga. As equipes internas também ganham acesso às soluções de relacionamento e marketing da empresa.

O ecossistema de jogos eletrônicos continua prioritário. A EA Sports renovou até 2029, em acordo estimado em 500 milhões de libras, garantindo marcas da Premier League em suas franquias. A licença foi estendida ao Football Manager 2026, enquanto o simulador de realidade virtual Rezzil lançou experiência oficial para usuários finais. No ambiente Web3, a Sorare tornou-se licenciada de fantasy em blockchain por quatro anos.

Na coleta e distribuição de dados, a Genius Sports estendeu até 2029 o contrato iniciado em 2019 com a Football DataCo. Sensores de visão computacional registram posições dos atletas em tempo real, alimentam estatísticas avançadas e suportam apostas de baixa latência. Essa base também viabiliza recriações virtuais do gramado para experiências de segunda tela, aplicações de realidade aumentada e ambientes no metaverso.

Dentro de campo, o sistema Hawk-Eye garante a Tecnologia da Linha do Gol desde 2013/14, e o árbitro de vídeo (VAR) opera de Stockley Park desde 2019/20. Relógios inteligentes fornecidos pela Hublot informam a arbitragem sobre lances que ultrapassam a linha. A liga ainda participa do acelerador Comcast NBCUniversal SportsTech, buscando startups capazes de agregar inovação às transmissões e ao consumo do esporte.

A partir de 2026/27, a produção internacional abandonará a parceria com a IMG; a criação do Premier League Studios dará autonomia para experimentar formatos, tecnologias e narrativas, além de viabilizar uma rádio própria. Até lá, a combinação de novos direitos de TV, plataformas digitais e acordos com gigantes da tecnologia compõe a estratégia para manter a Premier League no topo do futebol mundial.

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