O técnico Abel Ferreira enfrenta crescente contestação no Palmeiras após a eliminação para o Corinthians nas quartas de final da Copa do Brasil, enquanto o ex-zagueiro Edu Dracena considera um equívoco romper com o treinador neste momento.
A derrota no Allianz Parque, que decretou a queda no torneio nacional, desencadeou vaias e gritos de protesto de parte da torcida presente no estádio. Durante o segundo tempo, alguns torcedores direcionaram xingamentos ao treinador português, que respondeu a esses manifestos com aplausos interpretados como gesto irônico. O episódio intensificou um ambiente já tenso e abriu espaço para questionamentos sobre a permanência do técnico até o fim da temporada.
Abel Ferreira tem vínculo contratual somente até dezembro de 2024. A presidente Leila Pereira formalizou uma proposta para estender o compromisso até 2027, mas o acordo ainda não foi firmado. A combinação de resultados recentes, desgaste com parte da torcida e incerteza sobre a continuidade amplifica especulações de que o ciclo do treinador possa se encerrar mais cedo do que o planejado.
No programa “Jogo Aberto”, da TV Bandeirantes, Edu Dracena avaliou que a saída de Abel seria precipitada. Para o ex-jogador, que passou pelo clube como atleta e dirigente, a pressão faz parte do contexto de grandes equipes, mas não pode invalidar os méritos do profissional. Dracena lembrou que, em 2024, o Palmeiras perdeu o Campeonato Paulista para o Corinthians e, novamente diante do rival, foi eliminado da Copa do Brasil; derrotas que, na visão dele, naturalmente intensificam a cobrança, porém não retiram a qualidade do trabalho.
O comentarista também relatou que a equipe vive processo de reformulação profunda, fator que costuma impactar desempenho. “É normal oscilar quando vários jogadores saem ao mesmo tempo”, argumentou, citando perdas de jovens revelações e atletas estabelecidos. De acordo com Dracena, a saída de peças importantes afeta o entrosamento e exige um período de adaptação antes que os resultados voltem a aparecer com regularidade.
Desde a chegada de Abel Ferreira, esta é a temporada com maior rotatividade no elenco. O clube contabiliza aproximadamente 16 partidas, incluindo nomes vitoriosos como Dudu, Rony, Zé Rafael, Gabriel Menino, Breno Lopes, Mayke, Estêvão e Richard Ríos. Esses atletas contribuíram para conquistas recentes e compunham a base do time titular ou do grupo principal. A recomposição, portanto, vem ocorrendo em meio à disputa simultânea de competições e sob pressão por títulos.
Imagem: torcedores.com
Para preencher as lacunas, a diretoria investiu mais de R$ 500 milhões em nove reforços e executou as três transferências mais caras de sua história: Vitor Roque, Paulinho e Ramón Sosa. Apesar do aporte financeiro, alguns recém-chegados ainda buscam regularidade. Vitor Roque, principal contratação e dono da camisa 9, marcou quatro gols em 31 partidas oficiais. Paulinho chegou lesionado, fez poucas aparições e só deve reunir condições plenas de jogo em 2026. Ramón Sosa alterna entre a equipe titular e o banco, tentando consolidar espaço.
A quantidade de mudanças, os ajustes táticos necessários e o período curto de convivência entre atletas novos e remanescentes são apontados internamente como razões para resultados aquém das expectativas em certos momentos da temporada. A diretoria sustenta que o planejamento de longo prazo, defendido por Leila Pereira, exige continuidade no comando técnico para potencializar o investimento realizado e concluir a remodelação do elenco.
Com a eliminação na Copa do Brasil, o Palmeiras redireciona suas atenções ao Campeonato Brasileiro. O time ocupa a terceira colocação, soma quatro pontos a menos que o líder Flamengo e tem um jogo por realizar. A próxima partida está marcada para domingo, 10 de julho, às 16h, no Allianz Parque, contra o Ceará, encerrando o primeiro turno da competição. A expectativa é de casa cheia e nova avaliação da torcida sobre o trabalho de Abel Ferreira em meio ao cenário de incerteza sobre seu futuro.
