O Fenerbahçe levou ao gramado, na Holanda, um posicionamento explícito contra a guerra na Faixa de Gaza antes de enfrentar o Feyenoord pela fase pré-eliminatória da Champions League. Durante o aquecimento na cidade de Roterdã, todos os atletas do clube turco vestiram camisetas pretas estampadas com as frases “Acabem com os crimes contra a humanidade” e “Basta”, em referência às ações militares israelenses classificadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) como massacre.
O protesto, organizado pelo departamento de comunicação do Fenerbahçe, foi acompanhado pela divulgação de uma nota oficial nos canais digitais do clube. No comunicado, a instituição declarou que não permanecerá em silêncio diante de violações de direitos humanos e pediu o fim imediato das hostilidades no território palestino. A mensagem publicada afirmava: “Parem os crimes contra a humanidade. Não nos calamos, não ignoramos. Onde quer que a humanidade seja ferida, nós nos posicionamos. Porque a humanidade perde quando permanece em silêncio”.
Os jogadores exibiram as camisas nos minutos finais do aquecimento, no momento em que se dirigiam para o túnel que dá acesso ao vestiário. O gesto foi registrado pelas câmeras de transmissão internacional e pelas redes sociais do clube. Após a manifestação, a equipe turca trocou os uniformes especiais pelos trajes de jogo tradicionais e iniciou a partida normalmente, seguindo orientações da UEFA sobre a utilização de vestimenta regulamentar durante competições europeias.
Em campo, o resultado foi desfavorável para o Fenerbahçe. O Feyenoord venceu por 2 a 1 o duelo de ida, válido pela terceira fase qualificatória do torneio continental. A equipe holandesa abriu o placar ainda no primeiro tempo, ampliou na etapa complementar e viu o clube de Istambul descontar nos minutos finais, mantendo viva a disputa por uma vaga na próxima fase. O encontro de volta está marcado para a próxima terça-feira, 12 de agosto, no estádio Şükrü Saracoğlu, em Istambul.
A diretoria do Fenerbahçe não informou se repetirá a manifestação no jogo decisivo em casa. Segundo fontes internas do clube, qualquer ação depende de avaliação conjunta entre a comissão técnica, o departamento jurídico e a UEFA, que estabelece normas específicas sobre exibições políticas em eventos esportivos. Até o momento, o regulamento permite declarações de cunho humanitário, desde que não contenham símbolos ou mensagens que incitem violência, discriminação ou propaganda de entidades específicas.
O episódio amplia a lista de manifestações realizadas por entidades esportivas turcas em relação ao conflito que se intensificou na Faixa de Gaza desde outubro do ano passado. Diversos clubes do país já emitiram notas de repúdio e organizaram atos similares, refletindo o posicionamento do governo turco, que tem cobrado cessar-fogo e atuação mais forte da comunidade internacional para a proteção de civis palestinos.
Imagem: maquinadoesporte.com.br
Além da repercussão política, o protesto repercutiu entre torcedores. Nas redes sociais, a publicação do Fenerbahçe recebeu milhares de compartilhamentos e comentários de apoio, mas também foi alvo de críticas de parte do público europeu contrária à exposição de pautas humanitárias em arenas esportivas. A postura do clube de Istambul ecoa debates recentes sobre a função social dos atletas e das instituições esportivas em discussões globais.
A UEFA ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso específico envolvendo o Fenerbahçe. A confederação costuma analisar manifestações caso a caso, podendo aplicar advertências ou sanções financeiras se considerar que houve descumprimento das regras de neutralidade política. Enquanto aguarda eventual posicionamento da entidade, o clube turco foca na preparação para o jogo de volta, no qual precisa vencer por, no mínimo, um gol de diferença para levar a decisão aos pênaltis ou por dois gols para avançar diretamente.
Se superar o Feyenoord, o Fenerbahçe seguirá para a fase dos play-offs, última etapa antes da fase de grupos da Champions League. Caso contrário, o time será redirecionado à Liga Europa, conforme o sistema de repescagem da competição. Independentemente do resultado esportivo, a manifestação em Roterdã reforça a visibilidade do conflito no Oriente Médio dentro do cenário futebolístico internacional.
