Depois de oito temporadas fora da primeira divisão, o Sunderland retorna à Premier League disposto a evitar nova queda. O clube, que terminou a última edição da Championship na quarta colocação e garantiu o acesso ao superar o Sheffield United na final dos play-offs em maio, desembarca na elite com orçamento robusto: cerca de £132 milhões foram aplicados em 11 contratações até o momento.
O principal destaque dessa lista é o volante suíço Granit Xhaka, de 32 anos. Capitão da seleção nacional e campeão alemão pelo Bayer Leverkusen, ele chega por até £17 milhões e representa uma ruptura na política recente de adquirir atletas jovens com potencial de revenda. A diretoria considera que a experiência, a liderança e a capacidade de ditar o ritmo de jogo do meio-campista podem ser determinantes na luta contra o rebaixamento.
O setor central do campo, aliás, concentrou grande parte do investimento. O francês Enzo Le Fée, emprestado pela Roma em 2024-25, teve a transferência tornada definitiva. Já o senegalês Habib Diarra desembarca por cerca de £30 milhões após se destacar no Strasbourg. No lado esquerdo da defesa, o moçambicano Reinildo, ex-Atlético de Madrid, reforça uma retaguarda que ainda ganhou o zagueiro paraguaio Omar Alderete, adquirido do Getafe por £10,4 milhões na manhã de terça-feira.
No ataque, o Sunderland recorreu ao mercado de empréstimos para adicionar talento emergente. O centroavante Marc Guiu, 19 anos, pertence ao Chelsea e contabilizou seis gols — todos pela Conference League — em sua curta trajetória profissional. Internamente, a expectativa é de que o ex-Barcelona exiba potência física e faro artilheiro comparáveis ao brilho recente de Cole Palmer, também revelado em Londres.
A reformulação, porém, traz desafios evidentes. O técnico Régis Le Bris, de 49 anos, precisa transformar um elenco repleto de estreantes em uma equipe coesa em tempo recorde. Dono de currículo inusitado — doutorado em fisiologia e biomecânica, além de diploma em treinamento mental — o francês chegou à Wearside em 2024, aprendeu inglês quase do zero e conquistou o acesso logo na temporada de estreia. Seu contrato de longo prazo foi renovado, mas os resultados de pré-temporada sugerem entrosamento ainda incipiente.

Imagem: theguardian.com
A saída do meio-campista Jobe Bellingham, negociado com o Borussia Dortmund, aumenta a pressão sobre as novas opções. Torcedores também aguardam espaço para velhos conhecidos da campanha vitoriosa na Championship, como o atacante Wilson Isidor e o meio-campista local Chris Rigg. Entre diretoria e comissão, o mantra é repetir a trajetória do Nottingham Forest, que se manteve na Premier League após reforma agressiva no elenco em 2022, ainda que com menor volume de contratações.
Fora de campo, o clube segue sob controle de Kyril Louis-Dreyfus, empresário suíço-francês de 27 anos. O modelo de captação de talentos jovens, impulsionado pelo diretor esportivo Kristjaan Speakman, ganha agora o reforço do também diretor Florent Ghisolfi, ex-Nice e Roma. A modernização da marca inclui iniciativas inusitadas, como a inauguração do restaurante Banks on the Wear, comandado pelo chef estrelado Tommy Banks, nas dependências do Stadium of Light, que comporta 49 mil torcedores.
Apesar do forte aporte financeiro, analistas projetam o Sunderland na 19ª posição da próxima campanha — classificação que, se confirmada, significaria rebaixamento. O elenco acredita no contrário: com liderança de Xhaka, vigor dos reforços e filosofia de jogo baseada em triangulações defendida por Le Bris, a meta prioritária é conquistar permanência sem precisar de heroísmos na rodada final.